LAMINITE CRÔNICA EM BOVINOS

Touro Nelore adulto apresentando quadro clínico de Laminite Crônica

Atendimento clínico a um animal, touro da Raça Nelore, que apresenta desconforto das patas anteriores. O animal foi submetido ao casqueamento e fixação de tacos ortopédicos em duas das unhas.

DIAGNÓSTICO: Através dos sintomas clínicos (sensibilidade das patas anteriores) e dos sinais clínicos encontrados nas unhas, como excesso de comprimento, espessamento da linha branca da sola e presença de "linhas de estresse" nas muralhas, concluiu-se que o referido animal sofre de uma inflamação nas unhas, de caráter crônico e irreversível, conhecido como Laminite Crônica.

A Laminite Crônica é resultante de um distúrbio vascular local (nas patas), que pode ser decorrente de diversos fatores, sendo o mais comum o nutricional. Uma dieta desbalanceada, o fornecimento de elevadas quantidades de concentrado na dieta e mudanças bruscas de dieta em ruminantes, podem causar processos indigestivos e toxêmicos responsáveis pela liberação de grandes quantidades de hormônios inflamatórios, como a histamina na corrente vascular do animal. Como o estojo córneo da unha é uma estrutura dura e pouco flexível, incapaz de sofrer dilatação, o efeito dos hormônios inflamatórios é o de estrangulamento da malha vascular no interior das unhas, dificultando o fluxo venoso e nutrição da pata, levando a processos inflamatórios que podem ser agudos ou crônicos, como é o caso. Na laminite crônica, os sinais observados nas unhas do animal são sequelas, resultantes de um processo inflamatório que já passou, ou seja atualmente não há mais o processo inflamatório agudo, apenas o estrago feito por ele, que é irreversível, pois a malha vascular da unha fica prejudicada definitivamente e não se refaz perfeitamente, deixando alguns sinais clínicos característicos, como achinelamento das unhas (excesso de crescimento), espessamento das linhas brancas da sola do casco e presença de linhas de estresse nas muralhas do casco. Estes sinais são mais evidentes nas unhas mediais das patas anteriores e nas unhas laterais das patas posteriores e a intensidade dos sinais clínicos apresentados está diretamente relacionado a gravidade do processo inflamatório sofrido.

As alterações nas patas podem prejudicar o desempenho produtivo e reprodutivo dos animais, para isso faz-se necessário cuidados periódicos com as unhas e uma avaliação constante do desempenho do animal. No caso do referido animal, recomenda-se um casqueamento a cada seis meses e avaliação periódica de seu desempenho reprodutivo, qualidade do sêmen, presença de libido e capacidade de efetuar a monta. Se, apesar de apresentar laminite crônica nas patas, ele apresentar um bom desempenho reprodutivo, poderá perfeitamente ser mantido no rebanho.

TRATAMENTO: O tratamento da laminite crônica é sintomático, através do casqueamento periódico, sempre que o animal apresentar crises de manqueira e excesso de crescimento das unhas e o tratamento de possíveis lesões que podem vir a aparecer, como fissuras da muralha, abcessos de casco e úlceras de sola. No caso do animal, o que observou-se foi apenas um leve desconforto e com o objetivo de aliviar a pressão do peso corporal sobre as unhas mais afetadas, optou-se pela fixação de tacos ortopédicos estrategicamente em algumas das unhas do animal. Os tacos são afixados com cola apropriada, nas unhas boas ou saudáveis, companheiras das unhas doloridas e devem cair naturalmente em 30 dias, tempo suficiente para a redução do processo inflamatório que possivelmente esteja se instalando.